"Perguntar e buscar é precisamente a raiz de toda atividade do homem: o compreender, decidir e fazer humanos supõem a função ontologicamente prévia, do perguntar, isto é, têm a estrutura de resposta a uma questão (teórica e prática). O homem torna tudo questionável: o seu perguntar não pode terminar nem se esgotar. Esta constatação experiencial mostra que o perguntar ilimitado constitui a dimensão ontológica fundamental do homem.
Neste horizonte, sem confins, do perguntar humano há uma questão que se revela como a mais vital e próxima da existência, e como implicitamente presente em todas as outras questões: a pergunta do homem sobre si mesmo, sobre o sentido da sua vida.
Em todo o ato de perguntar, pensar, decidir e fazer, o homem vive a experiência de existir e tem a certeza vivencial de ser-ele-próprio, que implica a questão - 'que sou eu?'. Nesta experiência originária, imanente a todo o ato humano, o homem sente-se confrontado com a pergunta acerca de si mesmo: vive a sua existência como recebida e originada, como imposta e não escolhida por ele e, por isso, como implicativa da questão sobre sua origem: de onde venho? Simultaneamente (em todo o ato humano) o homem experimenta-se como 'projecto', como liberdade orientada para o futuro desconhecido (ainda não conhecido), e esta experiência implica a pergunta - para onde vou? A questão da origem e a do futuro formam o signo interrogante, que abarca a totalidade da vida."
ALFARO, Juan. In: AMADO, J. e outros. O prazer de pensar. Lisboa: Setenta, s/d. p. 64-65.



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