sábado, 19 de abril de 2008

Importância do pensamento mítico

(Acrópole-Atenas-Grécia)



Não devemos considerar o mito apenas uma narrativa “inocente” e que foi definitivamente superada pela Filosofia. Ao incluir elementos como a intuição e emotividade, o mito é uma forma de conhecimento válida, porém diferente daquela que chamamos racional.


(Cavalo de Tróia)


Geralmente associa-se o mito à religião e acredita-se que sua força advém do fato de muitas vezes ser transmitido por um narrador que tem algum tipo de autoridade (por exemplo, um religioso). Mas deve-se lembrar que, embora durante muito tempo eles tenham se confundido, o pensamento mítico transcende o religioso. Se não fosse isso, como explicar a força com que certos mitos emergem na contemporaneidade? O mito do herói, por exemplo, costuma levar multidões ao cinema.



(Ulisses e Spiderman - heróis de ontem e hoje)

Outra prova de que o mito não é apenas um tipo de narrativa ou interpretação de mundo ultrapassado é o fato de que até hoje existe a tendência de “mitificar” os indivíduos e acontecimentos: com a ajuda da mídia, tomamos como verdadeiras certas características das pessoas ou certas explicações das coisas, sem que tenhamos exatamente uma motivação racional para isso. E os mitos criados pela cultura pop são muitos: de cantores de rock a celebridades instantâneas.

Diferentemente de uma simples crença, o mito tem uma finalidade: ajuda a definir modelos de comportamento, expressando valores comuns a uma sociedade.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Perguntar e pensar



"Perguntar e buscar é precisamente a raiz de toda atividade do homem: o compreender, decidir e fazer humanos supõem a função ontologicamente prévia, do perguntar, isto é, têm a estrutura de resposta a uma questão (teórica e prática). O homem torna tudo questionável: o seu perguntar não pode terminar nem se esgotar. Esta constatação experiencial mostra que o perguntar ilimitado constitui a dimensão ontológica fundamental do homem.






Neste horizonte, sem confins, do perguntar humano há uma questão que se revela como a mais vital e próxima da existência, e como implicitamente presente em todas as outras questões: a pergunta do homem sobre si mesmo, sobre o sentido da sua vida.




Em todo o ato de perguntar, pensar, decidir e fazer, o homem vive a experiência de existir e tem a certeza vivencial de ser-ele-próprio, que implica a questão - 'que sou eu?'. Nesta experiência originária, imanente a todo o ato humano, o homem sente-se confrontado com a pergunta acerca de si mesmo: vive a sua existência como recebida e originada, como imposta e não escolhida por ele e, por isso, como implicativa da questão sobre sua origem: de onde venho? Simultaneamente (em todo o ato humano) o homem experimenta-se como 'projecto', como liberdade orientada para o futuro desconhecido (ainda não conhecido), e esta experiência implica a pergunta - para onde vou? A questão da origem e a do futuro formam o signo interrogante, que abarca a totalidade da vida."






ALFARO, Juan. In: AMADO, J. e outros. O prazer de pensar. Lisboa: Setenta, s/d. p. 64-65.